sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Entrevista com Isabela


MB: Por que você resolveu realizar esse trabalho voluntário?
ISABELA: Porque temos a oportunidade de aprender formas de promover a auto-suficiência das pessoas. Sou formada em psicologia e, mesmo antes de entrar na faculdade, já fazia trabalhos comunitários e voluntários, acredito que existe muita coisa a ser feita onde quer que estejamos e se adquirirmos conhecimento podemos fazer muito mais.


MB: Quais são seus planos para depois que acabar o programa?
ISABELA: Continuar trabalhando com desenvolvimento local no meu país e, principalmente, no meu estado que ainda é muito carente.


MB: O que voce está achando do curso?
ISABELA: O curso é bem intensivo. Acho importante dizer isso para quem quer que esteja interessado em fazê-lo para saber que é um ritmo bem acelerado de estudos e trabalho. Eu já havia conversado com algumas pessoas que estavam em outros times então tem sido bem de acordo com o que eu imaginava. Acho que é um processo importante para o trabalho na África, pois trabalha várias habilidades que vamos precisar lá, como planejamento, liderança, fundraising. Aqui a primeira etapa a aprender quando começa o curso é administrar o próprio tempo para dar conta das tarefas, dos estudos e dos assuntos pessoais.


MB : Do que você acha que a Africa mais precisa?
ISABELA: A África, assim como todo país com muitas desigualdades sociais, precisa de educação. A população precisa conhecer seus direitos para poder lutar por eles. Como dizia Bob Marley: "você pode enganar algumas pessoas algumas vezes, mas não pode enganar todo mundo o tempo todo". Quando uma pessoa aprende não só a sobreviver, produzindo seus alimentos e gerando renda para si, mas também conhecer seus direitos, ela possui mais instrumentos para mudar sua realidade e dos que convivem com ela. Nessas pequenas mudanças de pensamento é que começam as evoluções e revoluções.


MB: Para qual pais da Africa voce pretende ir? Por que?
ISABELA: Quando escolhi participar deste programa, não me importei tanto com qual país iria, pois para mim o que importava é que iria encontrar pontos semelhantes com os resquícios de colonialismo que vemos no Brasil e outros diferentes, hoje ainda me sinto assim, mas tenho preferência por Malawi porque a língua oficial é o inglês e quero aprimorar minha fluência nessa língua.


MB: Deixe uma mensagem para todos no Brasil.
ISABELA: Quando escolhi participar desse programa, o primeiro preconceito que tive que vencer em mim mesma foi o de por que eu deveria ajudar a África quando meu país e região sofre problemas semelhantes. Duas coisas foram decisivas para a minha decisão. A primeira foi que queria me especializar em desenvolvimento local, mas não queria simplesmente fazer uma especialização, queria me envolver num projeto que já trabalhasse com isso e não encontrei esse segundo no Brasil, exceto quando já estava quase vindo para cá. E somado a isso, o trabalho no terceiro setor no Brasil ainda está se profissionalizando, quem trabalha nas ONGs são pessoas que trabalharam ali a vida inteira e eu era só mais uma inexperiente tentando um espaço, então programa caiu como uma luva para o aprendizado que estava buscando. E em segundo lugar, pessoas necessitadas estão em todo lugar, não importa muito quem você vai ajudar, contanto que você ajude. Com a experiência que estou adquirindo, terei mais conhecimento para levar para meu país.

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